Em uma típica e entediante tarde cinzenta, na Praça das Luzes Azuis, uma jovem estava sentada ao banco esperando sua condução quando de repente uma voz ressoou:
A voz do rádio proferiu aquelas palavras e quase em um tom afirmativo e irônico. Ela quebrou o silêncio E, então, a voz a despertou,a voz a despertou de si mesma.
Enquanto os cachos por entre o seu rosto caíam lentamente, a praça se movia de forma agitada. A frase e a voz do rádio já se apagavam na memória do tempo, mas as pessoas ainda se embriagavam com aquelas palavras.
Foi então que ela sorriu. Mas, o seu sorriso não demonstrava a alegria. O seu sorriso era pergunta.Por isso, mais uma vez ela estava ali a procura de si mesma, diretamente vinda dos contos de fadas Cachinhos Dourados, a menina que um dia tinha se entranhado na floresta, agora havia crescido porém ainda continuava a mesma menina em busca de sua identidade.
Contudo, dessa vez ela não cometera o fútil erro ou a ingênua escolha de si buscar por entre objetos.Pois, dessa vez sua fértil imaginação a levara a si buscar por entre o amor.
E não havia dia melhor! Era o que rapidamente pensara, enquanto a fita azul de seu cabelo se desalinhara de sua fronte, repentinamente a observação começou.
Seu primeiro foco fora um casal que estava no lado direito da praça. Depois que trocaram ardentes beijos, a mulher vestida de vermelho, reclamara para o rapaz a quantidade de presentes ao qual havia recebido. Seu olhar estava indignado, pois segundo ela esta atitude era uma afronta a sua beleza e ao real significado do amor.
O segundo foco era o homem de boné vermelho. Esse era conhecido, morava perto de sua casa e assim como muitos ele seduzia dúzias de meninas, fingia ser sensível e amoroso. E, agora estava ali, tocando uma doce serenata para a mísera e titular namorada que bestamente morria de amores e o aplaudia sem saber de seus inúmeros chifres.
O terceiro e último casal era o da mulher de tênis vermelhos que estava à frente com um enorme e patético sorriso, enchendo o seu namorado com bugigangas caras e bonitas na esperança de que pudesse comprar o amor do belo rapaz que simplesmente a olhara com desprezo.
E foi aí, que finalmente, Cachinhos Dourados derramara uma lágrima, enquanto soltara um horrendo grito de desespero dentro de si. Ela chorara, por não ter se encontrado, chorara pela hipocrisia humana e chorara acima de tudo pelo triste e supérfluo egoísmo que havia se transformado o amor.
Escrito por: Denise Mendes
Assista também a versão adaptada da estória em formato de vídeo:
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