domingo, 1 de setembro de 2013

A Menina, a Praça e o Amor


Em uma típica e entediante tarde cinzenta, na Praça das Luzes Azuis, uma jovem estava sentada ao banco esperando sua condução quando de repente uma voz ressoou: 


-Boa tarde para você que está amando!

A voz  do rádio  proferiu aquelas palavras e quase em um tom afirmativo e irônico. Ela quebrou o silêncio E, então, a voz a despertou,a voz a despertou de si mesma.

Enquanto os cachos por entre o seu rosto caíam lentamente, a praça se  movia de forma agitada. A frase  e a voz do rádio já se apagavam na memória do tempo, mas as pessoas ainda se embriagavam com aquelas palavras.

Foi então que ela sorriu. Mas, o seu sorriso não demonstrava a alegria. O seu sorriso era pergunta.Por isso, mais uma vez ela estava ali a procura de si mesma, diretamente vinda dos contos de fadas Cachinhos Dourados, a menina que um dia tinha se entranhado na floresta, agora havia crescido porém ainda continuava a mesma menina em busca de sua identidade.

Contudo, dessa vez ela não cometera o fútil erro ou a ingênua escolha de si buscar por entre objetos.Pois, dessa vez sua fértil imaginação a levara a si buscar por entre o amor.

E não havia dia melhor! Era o que rapidamente pensara, enquanto a fita azul de seu cabelo se desalinhara de sua fronte, repentinamente a observação começou.

Seu primeiro foco fora um casal que estava no lado direito da praça. Depois que trocaram ardentes beijos, a mulher vestida de vermelho, reclamara para o rapaz a quantidade de presentes ao qual havia recebido. Seu olhar estava indignado, pois segundo ela esta atitude era uma afronta a sua beleza e ao real significado do amor.

O segundo foco era o homem de boné vermelho. Esse era conhecido, morava perto de sua casa e assim como muitos ele seduzia dúzias de meninas, fingia ser sensível e amoroso. E, agora estava ali, tocando uma doce serenata para a mísera e titular namorada que bestamente morria de amores e o aplaudia sem saber de seus inúmeros chifres.

O terceiro e último casal era o da mulher de tênis vermelhos que estava à frente com um enorme e patético sorriso, enchendo o seu namorado com bugigangas caras e bonitas na esperança de que pudesse comprar o amor do belo rapaz que simplesmente a olhara com desprezo.

E foi aí, que finalmente, Cachinhos Dourados derramara uma lágrima, enquanto soltara um horrendo grito de desespero dentro de si. Ela chorara, por não ter se encontrado, chorara pela hipocrisia humana e chorara acima de tudo pelo triste e supérfluo egoísmo que havia se transformado o amor.

Escrito por: Denise Mendes

Assista também a versão adaptada da estória em formato de vídeo: