terça-feira, 24 de novembro de 2009

O Soldadinho



Todos os anos numa época onde os sorrisos invadiam não só as crianças, mas também, os brinquedos que esperavam ansiosamente o momento de serem livrados não somente dos papéis, das fitas e das sacolas, mas sim , das caixas em que ficavam confinados até terem a sorte de serem contemplados com um dono.

Durante dias, meses e anos as coisas funcionaram assim, entretanto, um dia, tudo isso acabou. Tudo o que havia sobrado era a poeira, e, a esperança de que talvez, o vendedor, aquele que um dia chamaram de pai, pudesse voltar.

Com o passar do tempo, todos estavam impacientes, não aguentavam mais ficar presos naquelas caixas, até que um dia, libertaram-se da vaga solidão que aquelas caixas proporcionavam.Todos, exceto o soldadinho de chumbo.

Inúmeras foram as tentativas de convencer ao soldadinho para que ele saísse e fosse brincar com os outros brinquedos, mas ele sempre os ignorava com seu silêncio.


O tempo passara, e as marcas desse tempo não deixaram apenas uma camada grossa de poeira na caixa do soldadinho, mas deixara também o mais profundo arrependimento de ter desperdiçado sua vida esperando uma coisa que nunca aconteceria. E como um de seus últimos atos ele saiu da caixa e brincou, mesmo calado e sério, como nunca alguém havia brincado antes. Até que, pisou em uma peça de lego, tropeçou entre seus próprios cadarços e foi arremessado da mesa, com tudo, ao chão. E foi aí, quando estava em pedaços, que então, de seus olhos lágrimas caíram, como água, sobre seu corpo inerte, e, ele dera então seu primeiro e último sorriso.


Fim.
Escrito por : Denise Mendes.

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

A menina e a estrela.



A noite tinha um gosto amargo, e, a tristeza era o único sentido verdadeiro. Entre a escuridão, longe de tudo e todos, uma lágrima caía de um rosto desconhecido que todos faziam questão de ignorar.A pobre garota que nada dizia apenas chorava ,estava sentada à grama.Sua única companhia era o silêncio.


Perto dali havia uma multidão,festejando, embriagando-se, rindo e se divertindo, sem se quer notar a presença daquele pequeno anjo em forma de menina, que em lágrimas se desmanchava.

Com o passar do tempo, os milésimos apenas passavam, e, os minutos e as horas se misturavam entre a escuridão do anoitecer, até que, diante de inúmeras pessoas, veio em passos lentos, um menino, que foi se aproximando aos poucos , até o instante em que a distância não fosse tão grande.

Durantes inúmeros minutos ela ficou ali chorando sem ao menos perceber a presença dele, mas quando finalmente o notou suas lágrimas cessaram e parte de sua tristeza fora substituída e toda qualquer atenção fora movida apenas para uma pergunta.

-Quem é você?!- Perguntou a menina mostrando bastante espanto.

-Você não acha as estrelas bonitas?-Disse o menino com ternura olhando para o céu mesmo vazio e coberto de nuvens.

-Sim realmente elas são lindas... -Disse mesmo não entendo onde ele queria chegar com isso.

-Você parece uma estrela, só que diferente de você as estrelas não choram...

-Vem cá! Eu te conheço por acaso?!

-Antes eu não entendia por que as estrelas gostavam de ficar sós...

-Ei! Você tá ouvindo o que tô falando?
-Claro! Impossível não ouvir sua voz é linda tanto quanto uma melodia...
-Você é louco?!

-Sim! Por tudo aquilo que insiste em ser belo...

-Vá embora! É melhor assim... Eu não tô muito bem pra conversas...

-Oras! Por que não?

-Escuta! Você parece ser uma pessoa legal... E eu não quero apagar teu sorriso com a minha tristeza...

-Olha... Tua tristeza é escuridão...Enquanto o meu sorriso é o brilho das estrelas,por mais que tua escuridão me invadisse ela nunca iria me apagar...Ela apenas iria ressaltar meu brilho.

-Quem é você?- Perguntou novamente com um sorriso.

-Você sabe qual é a mais bela música do mundo?

-Qual?- Perguntou ela.

-É aquela que muitos se recusam a ouvir e que não pode ser tocada por nenhum instrumento, é simplesmente o silêncio.

-Eu conheço essa música... Ela e a solidão costumam me acompanhar sempre.

-Será que tu não percebes?-Ele então colocou suas mãos sobre as dela – Que enquanto tu ficas olhando para o nada as estrelas, o universo e até mesmo o infinito param só para admirar tua beleza.

-Nossa! Isso é estranho... Eu realmente sinto que te conheço mesmo mal sabendo quem você é... -As mãos dele tocaram seus lábios, a profundidade de seus olhares se encontrou, e, antes que suas bocas se encostassem ele sussurrou ao seu ouvido- Tu me conheces eu sempre estive contigo mesmo que tu nunca tenhas me visto-E então nasceu não apenas um beijo, mais o choque das mais diversas sensações e a união de duas almas em um só corpo.

Quando os olhos da menina se abriram ela percebera que estava só e que não tinha ninguém à sua frente. Ela pensou está louca, até que no segundo seguinte, entre o que nada havia, percebeu ao alto de sua cabeça a mais brilhante estrela que já pudera ver, e, foi assim, que mesmo não compreendo nada ela conseguira entender tudo.
Fim.

Escrito: Por Denise Mendes...xD