segunda-feira, 3 de outubro de 2011

As rosas também suspiram.

Ainda que o branco dos meus olhos censurasem a brisa de meus pensamentos, esta era uma verdade. E o meu instante estava tingido deste modo tão trivial e rústico. E as coisas amanheciam destas formas tão pálidas e coloridas.

Enquanto eu regava observações. A vida continuava com sua simplicidade. E os pés que compunham aquele cenário, eram quase sempre os mesmos. Assim como o tédio que tudo aquilo me causava.

Os meus sentimentos se mantiam estáveis. E ainda que de uma forma alegre e inusitada, as coisas transbordavam sensações. E a curiosidade que germinava sobre este vívido cenário. Era a única coisa notável daquele instante.Além, é claro, da forma agradecida ao criador dos céus, frente minha existência. 

Tudo versava a normalidade de um momento. E talvez você não entenda. E eu creio que talvez nem eu mesma entendesse a singularidade daqueles sentindos, mas as coisas eram assim. Eu  não podia fazer nada. E ainda que pudesse ,eu não sei bem se o faria pois o incompreendido também fazia parte de mim.

E isso era um ligação tão íntima . Que eu não podia evitar a imóvel quietude de minhas feições. Ainda que eu não demostrasse, aquele segredo estava calado, enquanto tudo me rodeava, as rosas exalavam perfume, enquanto eu apenas sorria com a certeza do inesperado.

Fim.

Escrito por: Denise Mendes

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Por que o céu é azul?

Aquela pergunta brotou como um raio. Enquanto o céu se pintava. Enquanto as cortinas labiam o chão da porta de minhas ideias. Enquanto os olhos pregados amanheciam no teto de meu entardecer. Eu acordava para estações daquele instante.E aquilo crescia dentro de mim e me enferrujava com um  terno sorriso.

Ainda que eu não entendesse a primavera de meus atos. As coisas se parafraseavam deste modo. Tão incompreendido, tão solto, tão vasto. O meu sorriso renascia com interrogações.

E tudo era uma pergunta. E as minhas palavras se calavam. Eu jamais havia amanhecido deste jeito. Talvez fossem as ruas. Elas estavam tão largas hoje. Ou talvez fossem os pássaros eles riscavam o céu, eles cantavam notas, eles inventavam rimas, eles dançavam sobre o ar, enquanto me impeliam a fazer perguntas que os ventos não sabiam decifrar.


Escrito por: Denise Mendes.

quarta-feira, 13 de julho de 2011

A biblioteca, um conto e um livro

A alegria fluía em meu peito enquanto as asas dos meus olhos se perdiam na imensidão e o horizonte  talhava o calmo e equidistante azul segundo que se partia.

Ao redor de tudo, as vestes do meu outrora se borrara.. As nuvens formigaram o vapor melódico. Os olhos jaziam reticências. A brisa tecia café sobre a grama.

Quando de repente uma pergunta esquivou os meus sentidos e os meus olhos desmairam naquilo que eu não entendia.

E o tempo floria violetas azuis, contudo os damascos prateados em minhas lembranças sorriam verdes e as árvores se balançavam.

As pessoas estavam longe de minha estação e os meus olhos corriam parados nessa nebulosa direção em que ninguém me via, e por entre os meus questionamentos eu prendia minhas asas.

O meu ninho era o meu lar e eu o chamava de casa. E não tinha medo das estantes de corredores vazios, pois o meu lar e a minha história sempre narrariam aonde o meu coração habitasse com alma a biblioteca, um conto e um livro.

domingo, 17 de abril de 2011

A velha porta de madeira

As linhas a desenhavam levemente, a brisa era gelada, os rostos eram calmos e mansos, o céu se borrava de laranja, as árvores se balançavam, as flores exalavam perfume,os passarinhos cantavam, as casas cheiravam a cereja,a linha do varal parecia barbante, a nuvem parecia algodão, os sussurros tinham gosto de maçã e por de trás das linhas marrons, da alegria que brotava nas gramas, das folhas que se jogavam sobre vento e muito além das estradas feitas de massinha e da casa cor de areia. Existia uma porta.

Além da paisagem, nas calçadas as crianças brincavam de roda, os adultos passavam apressados, os casais andavam de mãos dadas, o pão esfriava na janela, o gato subia em cima do telhado, uma menina regava uma flor e um homem tocava violão, um menino andava de bicicleta, a borboleta pousava na sacada, uma aranha fazia uma teia na parede, a terra cheirava a café, os telhados cheiravam a biscoito e a porta cheirava a silêncio e lágrima molhada.
Era primavera o mundo sorria mais colorido, as flores brotavam mais facilmente e a vida era sempre pintada de uma nova cor, enquanto que uma criança riscava o chão de giz, um velhinho andava de bengala, um cachorro corria sem coleira, uma mulher gritava ruídos, um homem vendia bombom, uma senhora pisava no chiclete, uma maçã caia da árvore, o chão era macio e terno e os pensamentos daquela porta eram vagos tristes e tudo não se tratava de liberdade. Quero dizer ela nem sonhava o que esse nome significava.

Os seus olhos sempre estavam distraídos. O mundo lhe fascinava e mesmo que dentro de seu peito uma dor e um sentimento se faziam grande ela não podia deixar de lado o jeito tão curioso que o novo vibrava dentro de si , porque ao redor de tudo as coisas nunca eram as mesmas, ainda que ela assim o fosse.

Por isso que quando um muro caia, quando uma mulher carregava um bebê, quando uma pessoa passava sorrindo, quando uma criança corria descalça. Ela sabia que era muito mais do que seus próprios sentimentos, pois se uma folha tocasse em seu semblante ela não pensava na sua textura, no seu cheiro, na sua forma ou na sua cor, ou no quanto aquilo lhe agradava, porque ela pensava na história que a folha trazia e que jamais seria contada, e ainda que como ninguém ela soubesse descrever o pequeno ser que diante de si se encontrava, ela apenas aguardava e ficava no silêncio admirando aquilo que não era.

Até que um dia algo aconteceu. Uma mão a tocou de uma forma que ela jamais havia imaginado. E aquela mão repartiu a sua história, os seus medos, o seu sentimento, a sua vida e tudo estava realmente tão perfeito, perfeito. Quando de repente a velha porta de madeira acordou e viu que aquilo jamais havia acontecido.

Fim.
Escrito por: Denise Mendes.