terça-feira, 7 de janeiro de 2014

A Mulher dos Cabelos Negros

Ternamente, seus lábios encostavam a cama, ela adormecia ao lado de seu belo esposo. Ele acariciava a face de sua mulher, enquanto contemplava com seus olhos amorosos, os negros cabelos e a perfeição, a pureza e a beleza do corpo de sua amada, quando de repente um grito distante vindo do jardim ressoou a fúria, o ódio e a morte. Era um ataque. Uma flecha de fogo atingiu a janela do quarto.

Sem nenhuma estúpida escolha. O príncipe e a esposa desesperadamente fugiram, com algumas joias, roupas, armas e flechas, por entre os frios e largos corredores que já se consumiam com o fervor e o fogo da guerra. Até que, finalmente, encontraram uma porta na qual os direcionou por um deserto caminho por onde eles fugiram, fugiram desesperadamente do cruel ataque.

Enquanto eles avistaram no horizonte a labareda de fogo que queimava o grande e bonito castelo, eles se foram entristecidamente pelas estradas que os levaram as frias e desconhecidas florestas do norte.

Ali, cobertos pelo cansaço, pela lama, pelo medo e pela dor de tudo aquilo que haviam perdido. Eles caminharam durante dias em busca de um abrigo. Até que encontraram perto de uma enorme montanha uma fria e escura caverna.

Nesse local, eles se abrigaram de todos os seus medos. E, durante três meses eles se abraçaram, se beijaram e se amaram completamente. Até que a forte fome que os consumia foi maior do que toda enorme completude do amor.

Foi a partir disso que inevitavelmente o amor falhou,  a  Mulher dos Cabelos Negros pediu brandamente que seu esposo saísse em busca de algo para que eles comessem.

Seu esposo, então saíra pela perigosa e misteriosa floresta a procura de alimentos e voltara duas semanas depois com uma vasta e farta variedade de pequenos animais mortos.

Então,  quando ele voltara, alegremente agradecida pelo lindo banquete que preparia, A Mulher dos Cabelos Negros, também conhecida como Branca de Neve, mais uma vez se enganara, pois ao correr para os braços de seu marido ela confiara em seus sentimetos, sem contudo entender que estupidamente ele a rejeitaria  com seus olhos incompreensíveis e que tal como a sua madrasta, ele a enganaria e abusaria de toda a sua pura ingenuidade.

Fora a partir desse dia que inexplicavelmente o diálogo entre eles cessara. Não havia mais palavras.

As coisas ficaram assim durante meses. A pobre menina se desesperara. Ela não compreendera as intencionalidades dele e se recusara a acreditar na extinção do amor que ele sentia.

Por isso, enquanto chorara cortando um pedaço de carne dos muitos que ele tinha trazido, ela se lamentara pela fatalidade, pois ele já não a procurava nem como mulher, nem com os olhos e nem com os lábios. 

Dessa forma, ao cogitar na simples hipótese de traição, ela cortara, acidentalmente,  com toda fúria e com toda dor; seu puro e mísero dedo incador.

Então ela correra, apenas enquanto o vermelho sangue escorria por seu caminho, ela correrra em busca de quem a desprezara, ela correra em busca de seu marido, até que uma flecha atingiu cruelmente seu peito.

Desesperadamente, seu marido correu para os braços de sua amada sem acreditar no que havia feito. Ele, enfim, percebera o quão equívoca fora ação de todos os seus atos anteriores de sua  mísera caça. Então, ele a abraçara, beijando ardentemente seus lábios, desejando que o cruel acidente fosse um sonho, e ele também a amara intensamente em seus braços com sua consciência limpa, sem contudo compreender que  seu estúpido comportamento havia lhe guiado ao seu triste, fatídico e cruel destino.


Escrito por: Denise Mendes

Desenhado por: Dinho Silva

Aproveite também para ver a versão dessa estória em vídeo.-.




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